O Cavaleiro Solitário que não era o Zorro

Aproveitando a volta do Cavaleiro Solitário aos comics...

O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger) foi criado para uma série radiofônica por George Washington Trendle e teve suas primeiras histórias escritas por Fran Striker. Sua estréia foi em 30 de janeiro de 1933, quando o primeiro de seus 2.956 episódios foi ao ar pela rádio WXYZ (que mais tarde se tornou a Mutual Broadcasting Network). A série foi transmitida com episódios inéditos até 1954. George Seaton e Jack Deeds foram os dois primeiros atores a interpretar o herói no rádio. Earle Graser foi a terceira voz do Cavaleiro Solitário, sendo substituído por Brace Beemer após sua morte. Vários elementos da série de rádio ficaram fazendo parte da mitologia do herói. A frase "Hi Yo Silver, away!" e o tema musical do herói, que é um trecho da ópera Guilherme Tell – escrita por Gioacchino Rossini (1792-1868), são alguns dos exemplos mais marcantes.

O personagem principal da história era o patrulheiro do Texas (Texas ranger) John Reid, que perseguia o bandido Butch Cavendish junto com outros patrulheiros. O grupo caiu numa cilada e todos foram mortos, com exceção de Reid, que foi encontrado e salvo pelo índio conhecido como Tonto. Depois que se recuperou completamente, Reid jurou levar os assassinos de seus companheiros à justiça e dedicar sua vida à luta contra os foras-da-lei. Para isso ele utilizava pistolas com balas de prata e escondia seu rosto atrás de uma máscara, passando a ser conhecido como O Cavaleiro Solitário. Acompanhado de seu cavalo Silver e de seu companheiro Tonto (que chamava o herói de Kemo-Sabe), ele tornou-se o terror dos bandidos no Velho Oeste.

No Brasil o personagem foi batizado Zorro, apesar de não ter nenhuma ligação com o Zorro original, o de capa e espada. Na verdade, o Besouro Verde (Green Hornet) – personagem criado para o rádio e que também estrelou sua própria série de TV – é quem tinha parentesco com o Cavaleiro Solitário. Britt Reid, identidade secreta do Besouro Verde, era o sobrinho-neto de John Reid, o Cavaleiro Solitário.

A série radiofônica conseguiu um sucesso tão grande que fez com que dois seriados de cinema (cliffhangers) fossem produzidos pela Republic Pictures: O Guarda Vingador (The Lone Ranger, 1938), com Lee Powell (1908-1944) no papel de Allen King/Cavaleiro Solitário e Chefe Thundercloud (1899-1955) como Tonto e A Volta do Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger Rides Again, 1939), onde Robert Livingston (1904-1988) interpretou o herói. Os dois seriados tiveram 15 capítulos cada um.

Em seguida veio a série de TV Zorro – O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 1949-1957), que teve 221 episódios produzidos. O programa era estrelado por Clayton Moore (1914-1999), no papel do herói mascarado Zorro (tá bom, Cavaleiro Solitário...) e tinha Jay Silverheels (1912-1980) como o seu companheiro Tonto (nome que em português não soa muito bem...). Por motivos nunca plenamente explicados, o produtor da série, George Trendle, despediu Moore em 1952 e contratou o ator John Hart para substituí-lo. Os fãs reclamaram da mudança e Clayton Moore foi recontratado em 1954. Moore e Silverheels repetiram seus papéis nos longas-metragens Zorro – O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 1956) e Zorro e a Cidade de Ouro Perdida (The Lone Ranger and the Lost City of Gold, 1958), ambos lançados em DVD no Brasil pela ClassicLine.

Return of the Lone Ranger (1961) foi o piloto de uma série de TV que jamais foi produzida, com Tex Hill no papel principal. Entre 1966 e 1969 foram produzidos pela Format Films 30 episódios do desenho animado Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger), com Michael Rye emprestando sua voz para o Cavaleiro Solitário e Shepard Menken (1921-1999) dublando Tonto. O segundo desenho animado do herói foi Cavaleiro Solitário (The New Adventures of the Lone Ranger, 1980-1982), que teve 28 episódios produzidos pela Filmation exibidos nos programas The Tarzan/Lone Ranger Adventure Hour e The Tarzan/Lone Ranger/Zorro Adventure Hour. As vozes eram de William Conrad (1920-1994 – que na época era creditado como William Darnoc) como o Cavaleiro Solitário e Ivan Naranjo como Tonto.

The Legend of the Lone Ranger (1981) foi uma tentativa frustrada de trazer o herói de volta ao cinema, com Klinton Spilsbury (Cavaleiro Solitário) e Michael Horse (Tonto). Finalmente, em 2003, Chad Michael Murray (Luke Hartman/Cavaleiro Solitário) e Nathaniel Arcand (Tonto), estrelaram o telefilme The Lone Ranger, que também falhou em sua tentativa de se tornar uma série de TV.

O Cavaleiro Solitário também foi adaptado para HQs e teve suas histórias publicadas no Brasil pela Ebal-Editora Brasil-América. Chegou a ganhar revista mensal em preto-e-branco e edições especiais à cores.
Humberto Yashima


Abertura do desenho Lone Ranger da Filmation (1980)


Postar um comentário

4 Comentários

  1. Falar da Ebal é sempre prazeroso. Acho que até ai nada demais, pois esta editora é praticamente unanimidade entre os apreciadores de gibis. Minha participação neste blog Vintage69, aliás, chamou-me a atenção, quando o descreveu assim: "O cavaleiro solitário que não era o Zorro".
    E minha história e comentário é exclusivamente sobre este personagem. Minha primeira experiência com um gibi da Ebal ocorreu em 1972. Como sou do interior do estado do Rio e, nasci num lugar pequenininho, onde não existia banca de jornais, tinha de ir à cidade mais próxima, para saber das novidades. A cidade em questão é Além Paraíba, MG, que na época de meu contato inicial com gibi da Ebal, em 72, era conhecida como Porto Novo do Cunha. Meu pai me deu de presente a revista do Zorro especial em cores, formato americano, capa plastificada e belíssima, com ilustrações atraentes e bem feitas. Seu miolo era igualmente esmerado, papel de qualidade e os quadrinhos bem desenhados, à bico-de-pena, colorido.
    Foi marcante, porque, 1972 mostrou-se atípico ou diferente, pelo menos para mim. Foi o ano da televisão a cores, e aqueles gibis bem feitos, expostos provocativamente nas bancas, eram irresistíveis para um garoto de 12 anos, como eu, que gostava à beça de desenhar. E a partir de então, a plataforma para a minha futura base artística, se iniciava. Hoje, em 2010, vivo satisfeito da vida com minha profissão de artista pintor. Tive oportunidade de atuar como desenhista para editoras. Menos para a Ebal. Que pena!! Sonhei em fazer parte da equipe de colaboradores desta grande editora pioneira, como desenhista ilustrador. Mas, os ventos matreiros do norte tinham outros planos, tanto para mim, individualmente, quanto para a grande Ebal, como fábrica de sonhos. Os meus continuam adiante, os dela acabaram, lamentavelmente. Parabéns pela iniciativa do blog. Obrigado pela baita coinscidência e consequente oportunidade,
    J.G. Fajardo - professor, pintor e ilustrador

    ResponderExcluir
  2. Sempre fui fã de quadrinhos e especialmente dos gibis da Ebal. Tudo começou em 1972, quando eu ainda era um garoto do interior, que gostava à beça de desenhar. Mas lá não tinha banca de jornais e revistas, então, a alternativa era ir à cidade mais próxima e adquirir. Certa vez, meu pai me deu uma revista bonita, bem impressa, capa plastificada, colorida, com excelentes ilustrações chamativas. Seu inerior era todo feito à bico-de-pena, também em cores, sobre papel de excelente qualidade para a época. Era a edição do Zorro em cores, formato americano, nºs 10, 13 e 14. Presentaço!! Há pouco tempo readiquiri essas revistas, em ótimo estado de conservação, pois, as antigas, de minha infância foram jogadas fora por parentes. Mas valeu a oportunidade e parabéns pelo blog.
    Obrigado,
    J G Fajardo

    ResponderExcluir
  3. Falar da Ebal é sempre prazeroso. Acho que até ai nada demais, pois esta editora é praticamente unanimidade entre os apreciadores de gibis. Minha participação neste blog Vintage69, aliás, chamou-me a atenção, quando o descreveu assim: "O cavaleiro solitário que não era o Zorro".
    E minha história e comentário é exclusivamente sobre este personagem. Minha primeira experiência com um gibi da Ebal ocorreu em 1972. Como sou do interior do estado do Rio e, nasci num lugar pequenininho, onde não existia banca de jornais, tinha de ir à cidade mais próxima, para saber das novidades. A cidade em questão é Além Paraíba, MG, que na época de meu contato inicial com gibi da Ebal, em 72, era conhecida como Porto Novo do Cunha. Meu pai me deu de presente a revista do Zorro especial em cores, formato americano, capa plastificada e belíssima, com ilustrações atraentes e bem feitas. Seu miolo era igualmente esmerado, papel de qualidade e os quadrinhos bem desenhados, à bico-de-pena, colorido.
    Foi marcante, porque, 1972 mostrou-se atípico ou diferente, pelo menos para mim. Foi o ano da televisão a cores, e aqueles gibis bem feitos, expostos provocativamente nas bancas, eram irresistíveis para um garoto de 12 anos, como eu, que gostava à beça de desenhar. E a partir de então, a plataforma para a minha futura base artística, se iniciava. Hoje, em 2010, vivo satisfeito da vida com minha profissão de artista pintor. Tive oportunidade de atuar como desenhista para editoras. Menos para a Ebal. Que pena!! Sonhei em fazer parte da equipe de colaboradores desta grande editora pioneira, como desenhista ilustrador. Mas, os ventos matreiros do norte tinham outros planos, tanto para mim, individualmente, quanto para a grande Ebal, como fábrica de sonhos. Os meus continuam adiante, os dela acabaram, lamentavelmente. Parabéns pela iniciativa do blog. Obrigado pela baita coinscidência e consequente oportunidade,
    J.G. Fajardo - professor, pintor e ilustrador

    ResponderExcluir
  4. Sempre fui fã de quadrinhos e especialmente dos gibis da Ebal. Tudo começou em 1972, quando eu ainda era um garoto do interior, que gostava à beça de desenhar. Mas lá não tinha banca de jornais e revistas, então, a alternativa era ir à cidade mais próxima e adquirir. Certa vez, meu pai me deu uma revista bonita, bem impressa, capa plastificada, colorida, com excelentes ilustrações chamativas. Seu inerior era todo feito à bico-de-pena, também em cores, sobre papel de excelente qualidade para a época. Era a edição do Zorro em cores, formato americano, nºs 10, 13 e 14. Presentaço!! Há pouco tempo readiquiri essas revistas, em ótimo estado de conservação, pois, as antigas, de minha infância foram jogadas fora por parentes. Mas valeu a oportunidade e parabéns pelo blog.
    Obrigado,
    J G Fajardo

    ResponderExcluir